Nem Tudo é o que Parece: Desvendando a Morfologia das Plantas
- Henrique de Paula Rodrigues

- 9 de out.
- 5 min de leitura
Em seu dia-a-dia você está em constante contato com uma grande diversidade de plantas: na sua geladeira, quintal, calçada e até mesmo decorando sua sala. É fato que as plantas estão presentes em todos os cenários de nossas vidas, e aposto que você acha que conhece o bastante sobre esses personagens tão importantes.

Quando olhamos para as samambaias (Nephrolepis spp.) por exemplo, plantas que decoram diversas casas brasileiras, ela parece ser bem simples no final das contas, um caule comprido com várias folhinhas que despencam do vaso como cabelo, não deve ter nenhum segredo. Na verdade tudo aquilo que vemos para fora do vaso são chamados de frondes, que são folhas grandes com diversas partes menores com um formato que lembra uma pena, e o caule de verdade está debaixo da terra e é chamado de rizoma, ele funciona como uma reserva de nutrientes para planta e ponto de partida para o crescimento das raízes e das frondes.
Entendendo melhor as partes da samambaia você pode pensar: que outras plantas têm formas e estruturas diferente do que pensamos? É exatamente isso que vamos investigar! A verdade é que, por trás de cada planta que conhecemos, existe uma estrutura escondida, uma adaptação surpreendente ou uma função que passa despercebida no dia a dia. Então, prepare-se: nesse texto, vamos olhar de perto para o que está acima e abaixo do solo, e descobrir que, quando o assunto é planta, nem tudo é o que parece ser.
Vamos começar pela mandioca (Manihot esculenta) e a batata-doce (Ipomoea batatas) que estão presente na culinária nas mais diversas formas em todo o país. Estas na realidade são as raízes da planta, mas um tipo diferente de raiz chamada de raíz tuberosa, que funciona como reservatório de açúcares, ou seja, quando essas plantas estão crescendo a planta usa suas raízes como um depósito de alimento para planta e acaba também servindo de alimento para outras espécies, como a nossa!

Agora você pode se perguntar: a popular batatinha, que não cansamos nunca de comer de todas as formas possíveis, seja frita, cozida ou assada, também é uma raiz? E a resposta é, NÃO! A batata (Solanum tuberosum) é um tubérculo, que por definição é uma parte do caule que se dedica em reservar açúcares, bem parecido com as raízes tuberosas, a diferença é que este sendo um caule é capaz de gerar uma nova planta, ao contrário de uma raíz que é encarregada de absorver água e minerais para o restante da planta. Para ficar bem claro, se pegarmos uma raiz tuberosa como a mandioca e a batata-doce por exemplo, e plantarmos, não irá acontecer nada, pois as raízes não são capazes de gerar uma nova planta, agora se pegarmos e plantarmos uma batata, com o cuidado e as condições corretas, há grandes chances de nascerem ramos e consequentemente mais batatas.

Agora, lembra lá no início desse texto quando eu te contei sobre o rizoma das samambaias? Elas não são as únicas plantas que escondem seus caules embaixo da terra, um grande exemplo de rizoma são as bananeiras (Musa spp.)! Sim! Toda aquele “tronco” que vemos acima do solo, nada mais é do que as folhas da bananeira, onde uma região da folha que chamamos de bainha foliar se alarga e se envolve em torno de outras folhas até formar uma forma de caule falso ou pseudocaule, já que o caule verdadeiro nesse caso, é subterrâneo em forma de rizoma legal né!?

Continuando a nossa jornada de desvendar as modificações das plantas para se adaptarem aos mais diversos ambientes e situações, vamos falar sobre a as folhas. Começando por um clássico exemplo, o copo-de-leite (Zantedeschia aethiopica). Sabe aquela linda pétala branca e forma de funil que é a razão de seu nome? Aquilo na realidade não é uma pétala, as verdadeiras flores são as diversas florezinhas que formam a estrutura amarela em forma de dedo no centro, essa bela estrutura branca é uma bráctea, folhas que passam por modificações junto às flores podendo funcionar como proteção ou como atrativo de animais polinizadores, no caso do copo-de-leite sua bráctea recebe o nome de espata e a estrutura formada por várias florzinhas é chamada de espádice que trata-se de uma inflorescência, mas CALMA! Essa última eu vou explicar daqui a pouco.

Ainda observando as folhas, outra planta com modificações bem diferentes são os cactos (Cactaceae spp.), olhando para eles vemos aquele corpo cilíndrico ou achatado, verde, gordinho e cheio de espinhos, daí você pode se perguntar: onde estão as folhas? Nos cactos as folhas são os espinhos, que diferente das folhas da maioria das espécies de plantas, não realizam fotossíntese, e isso não é um descuido dos cactos não, é pura estratégia de sobrevivência. Para que essas plantas sobrevivessem a climas secos com muito sol, suas folhas passaram por uma intensa mudança onde reduziram-se em espinhos, que agora são encarregados de proteger a planta de animais herbívoros e evitar a perda de água. Já a parte que fica responsável por fazer a fotossíntese é o caule, que é toda aquela estrutura verde que além de produzir o alimento para a planta vai reservar água dentro do seu corpo. Muito interessante!
Agora vamos finalmente falar sobre as inflorescências, e grandes exemplos desse tipo de modificações que pode te surpreender é o caso do girassol (Helianthus annuus) e das margaridas (Leucanthemum vulgare), onde aquela parte que chamamos de flor na realidade são dezenas ou até centenas de flores, SIM! o girassol e margarida não são uma flor e sim uma inflorescência, nome dado a florzinhas pequenininhas que nascem juntas e agrupadas sobre uma mesma base, é como se planta poupasse o trabalho do floricultor e já fizesse seu próprio buquê. Em outras palavras, em vez da planta dar origem a flores isoladas, a inflorescência reúne diversas flores organizadas de diversas formas em um mesmo eixo, o que facilita a polinização e, em muitos casos, economiza energia no crescimento.

Seguindo na mesma lógica das flores, existe outra modificação muito interessante das plantas, mas antes é importante relembrarmos de uma importante estrutura, os frutos, estes surgem a partir dos ovários das flores que quando polinizados e fecundados começam a crescer como é o caso da maçã, laranja, goiaba, entre várias outras. Tendo isso em mente pense em uma coisa: se uma inflorescência são várias florzinhas agrupadas em uma mesma base, e os frutos originam-se das flores, o que isso poderia resultar? Isso mesmo! Uma infrutescência! Esse é o caso do abacaxi (Ananas comosus) que no caso não trata-se de uma única fruta e sim várias frutas agrupadas que derivam de várias flores agrupadas, ou seja, uma infrutescência surge de uma inflorescência.

Nesse sentido, há muitos casos de infrutescência originadas de inflorescências, que, ao longo de nossos dias nem nos damos conta, como o açaí (Euterpe oleracea), o figo (Ficus carica), jaca(Artocarpus heterophyllus), milho (Zea mays), e muitos outros!
Depois de conhecer tantas funções e estruturas diferentes, fica impossível olhar para uma planta da mesma forma. O que parecia simples como, uma folha, uma flor, uma raiz, ou apenas mais um ingrediente em nosso prato, revela-se parte de um sistema engenhoso e cheio de adaptações. Cada detalhe tem uma função, e cada forma conta uma estratégia evolutiva diferente. Então, da próxima vez que você olhar para o seu vaso de samambaia ou cortar uma batata na cozinha, lembre-se: por trás de cada planta existe um mundo de características fascinantes da biologia esperando para ser descoberto.

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👏👏👏🪴🪴
OUUU!!!! ESSA EU NÃO SABIA, MUITO LEGAL!!!!!🍍🌴🌵